terça-feira, 19 de outubro de 2010

Consolo na praia

São poucos os poemas que me representam tanto quanto este...

Consolo na praia

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho...

Carlos Drummond de Andrade

Consolo na praia

domingo, 17 de outubro de 2010

El Ingenioso Hidalgo Dom Quijote de la Mancha

Ah, senhor Cervantes Saavedra... Se não fosse por ti, a Península Ibérica nos teria dado tão menos serem de importância... Muito obrigado, mestre.

sábado, 16 de outubro de 2010

O Lobo das Estepes

Consegui recuparar o blog antigo.
Há o fato de ter este já, mas não vou desativá-lo. Deixarei o Lobo ao que se propunha, ou seja, publicação de meus textos literários e este para as crônicas, discussões políticas e textos de outros autores, como vinha fazendo. Há coisa nova por lá.

www.tadeusena.blogspot.com

Alucinação

Eu não estou interessado em nenhuma teoria
Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Nem em tinta pro meu rosto ou oba-oba ou melodia
Para acompanhar bocejos, sonhos matinais
Eu não estou interessado em nenhuma teoria
Nem nessas coisas do Oriente
Romances astrais
A minha alucinação é suportar o dia-a-dia
E meu delírio é a experiência com coisas reais

(Belchior)